O povo desta região era muito crendeiro e ainda hoje o povo crê que a coruja adivinha a morte. Galo que canta antes da meia noite adivinha desgraça. As crianças não deviam ir à missa antes do baptismo, pois podiam apanhar maus ares. As crianças não deveriam dormir nos funerais, pois podiam ficar com o espirito do morto. A casa não se devia varrer à noite, pois varria-se a fortuna. A epilepsia era explicada pela acção dos espíritos. Acreditava-se que se o 7° filho, tendo a mãe sete filhos homens e esquecendo-se de os picar, tornava-se lobisomem. Também os filhos dos compadres tinham de ser picados, ao nascer, pois se tal não acontecesse, esse homem tornar-se-ia lobisomem e caso fosse mulher, bruxa. Para uma senhora secar o leite, tinha que deitar o leite ao lume. Em domingo de ramos não comiam verdura, para que as hortas não se enchessem de lagartos. Às quartas e sextas-feiras não se deviam casar era sinal de desgraça. Muitas outras crendices tinham o povo bem patentes nos ditotes populares ou provérbios. Mal vai Portugal se não vierem três cheias pelo Natal. Dos santos ao Natal inverno natural. Lua nova trovejada trinta dias é molhada. Natal na praça, Páscoa em casa e Espirito Santo no campo. Abril águas mil. Muitos poucos fazem muitos. Grão a grão enche a galinha o papo. De noite todos os gatos são pardos. Quando a raposa anda aos grilos mal da mãe pior dos filhos. Na primeira quem quer cai, na segunda cai quem quer. Não há dois sem três. Guarda o que não presta, verás o que precisas. Quem o alheio veste na praça o despe. Quem tudo quer, tudo perde. Não há rosas sem espinhos. Homem velho e mulher quer ser corno à força. Setembro molhado, figo estragado. Os provérbios eram a tradução da sabedoria popular, muitos outros poderiam transcrever, mas estes são os mais usuais, ainda hoje os ouvimos. Cada mal tinha uma reza especifica, milagreira, que muita gente confundida com bruxaria.